sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Encantando pelas bibliotecas...

Na particular dava aula de biblioteca. Eu também nunca tinha ouvido ou visto aula semelhante. Mas para quem já contava histórias há cinco anos, veio a calhar: escolher gradativamente os livros do próximo semestre, justificar pedagogicamente esta seleção, destacar que valores podíamos ressaltar com eles, usar um jogo tradicional ou cênico e ligá-lo à história depois. Acredita que tinha 50 minutos que rendia tudo isso? Na verdade menos: como a história era um "latifúndio urbano", eles já perdiam uns minutos indo e vindo das salas de aula à biblioteca.
Várias histórias nos emocionaram, mas a da colombiana biblioburro, com um professor colocando sua pequena biblioteca em cima de dois "jeguezinhos" e levando para sete, oito horas de distância para contar histórias às crianças ou ajudá-las com as lições de casa foi a que mais me deu orgulho deles. Depois mostrava fotos de bibliotecas em praias, pontos de ônibus e outros lugares insólitos numa apresentação e entregava papeizinhos verde e amarelo (era época da Copa), pedindo ideias ou desenhos de bibliotecas diferentes.
Fiquei tão orgulhosinha do resultado que saia mostrando para "a torcida do Flamengo" as criações deles, tão imprevistas, tão inovadoras, tão imaginativas...


Já pensou biblioteca no estádio que joia? Vai alguém acompanhar quem gosta, mas não é muito fã de futebol e espera lendo o jogo acabar.


Aqui achei que já indicam a inutilidade que veem na lousa: vamos por livros nela e tirar a professora daí.


Gente aqui um cachorro te empresta ou devolve livros. As histórias sem fim deles me encantam.


Tudo bem que alguma das funcionárias da biblioteca tinha "cantado a bola dessa ideia" de "por o livro para circular", mas se ela reforçou, acho que "comprou a ideia".


Uma nova continuidade para João e Maria: ao invés de uma "docelândia", eles encontram uma biblioteca. Ninguém vai ter problema com glicemia.


Certo, tem "ideogramas" que também não decifro. Mas e essa proposta do helicóptero com livros? Acho que junta o sonho da criança de ser piloto com nossa utopia de ampliar acesso à literatura.


Bibliotecas no mercado: pais fazem compra e eles curtem uma história enquanto isso. Até previne deles se jogarem no chão para levarem algum produto importado que não cabe no orçamento e nem na dieta.


Anti consumo pelas histórias: um shopping com livrarias "mega especializadas". Eu iria na loja de biografias e você? A estudante frequentaria a de aventura.


Isso não sei, dava para o taxista "dar um perdido daquele" no cliente e superfaturar a corrida. Eu pelo menos me perco bonito lendo no ônibus.


Essa em Sampa tem: www.espacodeleitura.org.br. Mas é no Parque da Água Branca da zona oeste e estes estudantes estavam na zona sul, perto do Extra da Interlagos (nessa megalópole dificilmente um extremo conhece o outro, somos meio "autistas das regiões em que vivemos ou trabalhamos").


Que sonho: o carteiro não traz mais só contas, vêm livros também. Eu esperaria ansiosa! As caixinhas de correio teriam que ser reformuladas por uma boa causa.



Essa podia ajudar os que têm medo de avião. E também os que não dão conta dos passageiros apavorados gritando nas turbulências. Evitaríamos aumentar os medrosos: gente com aflição assim contamina vários em volta e dão trabalho extra para os comissários de voo.


O pedido ou parceiro de almoço/ jantar estão atrasados? Pode-se acessar o livro embaixo da mesa e ocupar melhor o tempo ao invés de conferir relógio toda hora. Em estabelecimentos gourmet esse serviço provavelmente seria cobrado à parte.


Biblioprédio: uma forma de fazer amizades e aumentar o conhecimento. Também tem num condomínio da Vila Mariana que namoro há anos.


Olha que surpresa boa: ao invés de coco de pomba, material de construção ou grosseria de trabalhadores da construção, receberíamos um livro nas caminhadas urbanas.


Aqui ao invés de um carteiro, um gato te levaria livros.


Essa é no cinema. Também útil: nunca acompanhou alguém que gostava num "filme uó"? Lê até acabar ao invés de bocejar.


Distribuição aérea de livros. E é um jato, atenderá muitos leitores.


Essa eu imaginei, mas "pratiquei o nobre silêncio" para ver se saía entre eles. É verdade que pescamos as ideias no mesmo lugar. E nessa aí eu trabalharia.


Essa eu até "convidei o primo caminhoneiro para dirigir".



Esperando ônibus eu dormiria "no ponto" de tanto ler e perder condução.


E então as propostas ganharam as paredes da biblioteca do colégio.

A vitória para mim foi a encarregada ter pensado que eles não entregariam nada, pois nossa aula não tinha falta, nem nota (estava com "o filé": só a parte lúdica). E para quem não cobra tradicionalmente "a lição", achei que rendeu muito. Uma outra professora achou que foi o jeito que finalizei a aula. Ah! Mas a continuidade inesperada foi eles criarem a "recreioteca", para quem estivesse machucado ou preferisse ler no intervalo, com livros doados. O marido de uma professora achou tão incrível que dooou um carrinho menor que o de supermercado, mas maior que as malinhas de viagem que alguns professores carregam provas, livros e diários.
Para quem foi esperando ouvir "eu pago seu salário", foram turmas de sonho.


Na rede pública...

No Estado de São Paulo descobri que a gente apela mesmo pro: "vamos desenhar" quando não há ideia que os envolva (e olha que na família me chama de "usina de ideias"). Mas com o que me deram depois dos loooongos 50 minutos "pesquei" uma ideia: "ah, eles anda desenham esse funkeiro que morreu tem um bom tempo".
Como meu conhecimento sobre funk é menos dez (apesar da comunidade cantá-lo à exaustão aqui do ladinho de casa), "apurei" com uma professora do Centro Cultural da Penha o que levar para sala sem que eles começassem a dançar até o chão e as mães fossem pedir minha cabeça. É que sempre achei uma sacada professor usar algo do universo passional deles para fazer uma ponte com o conteúdo que ele planejasse trabalhar.

E não é que funcionou? Ao menos receberam animados na Penha, zona leste de São Paulo.


Com esse intuito de politizar, fazer questionar consegui engajar os adolescentes "meio blasê" que encontrei na rede pública paulista. Depois eles me paravam no corredor para saber em que sala ia, quando dizia uma que não era a que o questionador queria ouvia um "aaahhh" e achava impressionante como eles mudam incrivelmente de ideia três dias depois de me esnobar.
A partir desse MC eles improvisaram o aperto do ônibus, o sufoco dos hospitais e por tabela explorarem corpo, voz, que é nossa proposta a partir do teatro.
E tem o aprendizado mútuo não previsto: descobri que muiiitas coisas cantadas pelo MC Daleste nós usamos no começo das passeatas de junho de 2013 pedindo pela continuidade do preço das passagens de ônibus em São Paulo, fim da corrupção, entre outras coisas (antes da "facistada anti partido emergir do esgoto" e tomar a rua que já era ocupada pela militância de diferentes causas muito antes deles a reivindicarem na base da violência).
Sugeri estas postagens para váááárias publicações de educação, mas como brinco (brincadeira tem sempre fundo de verdade): para fazer um trabalho bacana em comunicação "só sequestrando um, exigindo de resgate a vaga dele, despachando o sequestrado para as Ilhas Fuji e tomando a vaga dele após uma negociação bem sucedida". Mas como caí de amores pelo trabalho de cultura de paz na Escola Mandala do centro budista Caminho do Meio em Viamão, "não dou conta disso não".
Quem me conhece vai achar surreal arrumar mais um blog. Só que "enchi os ovários" de aguardar nova paixão culinária para voltar ao Semi Vegana, então esse entra no lugar. Mas não deixa de ser demaaaais tocar o Diário Cênico, Blog Mulherices e Cheiro de Estrela. "Bão", mas quem disse que toco? Escrevo quando a trabalheira deixa, o que é menos do que queria, então perdão por antecipação se der uma de "jornalêra relapsa", já que não sou a comunidadora típica. E pelas buscas que dei via Google, essas páginas também não andam tão frequentadas, então vocês não visitam por atualizar pouco ou eu posto pouco pela falta de visita de vocês? Vai saber, ninguém desvendou o enigma "do ovo e da galinha"...