sexta-feira, 27 de março de 2015

Quem disse que a contação não pode ser meio circense?"...

Hoje o projeto "Que Feminino é Esse? Novas Heroínas" encerra temporada pelo BiblioSesc em parte das cidades do ABC. Deu para sentir o gostinho de ficar em cartaz um tempo e tinha esquecido dessa gostosura desde o fim dos festivais da Faculdade Paulista de Artes no Teatro Ruth Escobar: "casa cheia" com 150 estudantes no pátio do Colégio Oscar Niemayer de São Caetano. Falta de público quando não conseguimos articular para apresentar nem no colégio e nem no posto perto de Paranavaí, em Mauá. Contar para uma única menininha, na Praça Serraria de Diadema. Um tiquinho do mambembe circense, cada semana em locais
e públicos diferentes. Cenários lindos no Espaço Brincar do Sesc São Caetano e super despojados como em praça comercial. Contações "a toque de caixa" para três turmas como em escola estadual de Mauá e curtir palavra por palavra como na unidade de Sanca City. O jeitinho interiorano nos preços dos lanches, dos retornos das pessoas e na contato com o público... Estudar para dar aula no ônibus. Não conseguir nada em ônibus mais antigo. Se achar muito ninja maquiando no ônibus antigaço pra Mauá. O bom e velho friozinho na barriga. A curtição em cena. Dar gosto de deixar as pessoas curiosas com os livros das histórias escolhidas. A
alegria da pesquisa com o sagrado e lúdico femininos começada no Movimento das Mulheres do Heliópolis, continuada no Colégio Santa Maria ir para novos lugares e espectadores. Hoje, 27 de março é a vez da Praça da Moça, perto do Centro Cultural Diadema. Que venham muitas outras contações nômades, públicos e parceiros itinerantes. Evoé!
"...a Princesa que Não Tinha Reino vivia atrás de um..."
"...o bobo ganhava dinheiro com velhas piadas..."
"...eu vou contar uma história pra você, vai começar...era uma vez..."

"...e o reino dela era o daqui, ali e acolá..."

terça-feira, 10 de março de 2015

Estimulando a leitura de forma lúdica

A capacitação das professoras infantis em arte e literatura tem um pouco do que chamamos no teatro de "work in progress". Compartilhar os elementos de cena com as crianças para pincelar alguma teoria com as professoras funciona num dos Centros de Educação Infantil, mas no outro já terminamos com livro rasgado e guarda chuva cênico quebrado. Em uma são mais elétricas, noutra menos. Não posso ver uma matéria que envolva lúdico, infância e literatura que encaminho logo às educadoras, mas não são tão internautas quanto comunicadores - online até quando não precisam!
Comecei com a contação mais brincalhona com canto e elementos de cena, mas já passei à leitura mediada, introduzindo poesia, que de acordo com meu professor de iniciação literária é um caminho
natural para infância. Quando eles querem ver o livro, ganho o dia, acho que acertei a mão no
trabalho.
Estreei a sacola de palha que minha prima deu e trouxe de Cuba, amei, mas Carnavalesca que só, não é possível deixar muito no chão, eles se perdem tentando desvendá-la e a história fica sem espaço...
As Horrorosas Maravilhosas dão muito certo com os mais velhos brincando com retalhos e linhas, pedindo ajuda nos bordados pois o partidão sonha com a moça prendada. Com eles também viajam nesses acessórios cênicos e a história não engaja de novo.
Em compensação ficaram bem encantadinhos com Gato para Cá e Rato para Lá de Sylvia Orthof e História da Baratinha de João de Barro,
suas rimas e imagens os fisgaram. O primeiro terminou sem capa, é verdade, mas o conserto aconteceu logo na outra turma de mini com durex, na hora da agenda da professora. Na Baratinha lembrei dum teste que falava numa pseudo inteligência musical minha: numas páginas em que não lembrei a música clássica dessa personagem, fui lendo e improvisando um som no momento mesmo.
Eles não deixam A Princesa que Não Tinha Reinho perder o guarda chuva, indicam que ele ficou para trás. Querem contar de brinquedos, do nome... De tudo um pouco. Desta vez consegui que um dos grupos me contasse o nome de cada um. Também levei umas cantigas usadas com maiores, mas que sempre que resgato eles vão ficando com jeitinho de "o que está por vir"?
As professoras realmente têm que ser recreadoras, enfermeiras... No fim desse ano, torço para que também se revelem atrizes! Algumas contaram das experiências com histórias e na própria Parada Pedagógica já ouvi relatos de aplicação de algumas propostas. Fora que as lendas indígena e africana tiveram boa acolhida nessas pausas de treinamento. Que façamos com que mais e mais crianças se assanhem a ler assim que forem letradas!