quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Cliques e reencantos

Entrando em falência na feira literária do Colégio Santa Clara,
improvisando, mas...missão cumprida!
Acho engraçado quando ouço "vai engravidar, tem que trabalhar mais"... Quando pelo pouco que tenho pescado aqui e acolá na educação e nas narrações dramatizadas de histórias, o raciocínio teria que ser "como me empreendo para ficar mais com o rebento que está por vir"? Pois o que a criança mais demanda e não tem custo não é só presença dos pais, mas que eles queiram ficar com ela. Grazie a Dio tem umas amigas já recalculando a rota neste sentido e isso também requer fazer umas escolhas de Sofia entre não compor todo um guarda roupa da Lilica Ripilica, mas querer acompanhar estas primeiras palavras, as andanças atrapalhadas dos marinheirozinhos de primeira viagem, as primeiras descobertas - que como uma prima ensinou anos atrás "isso não conseguirei conferir de perto de novo... Já experiência de trabalho pego agora, amanhã ou daqui dez anos". Tem uns recortes desses vácuos familiares na escola, quando proponho releitura de pintores e tudo que eles demandam é:
- Pode fazer assim?
- Assim prô?
- Me consegue uma régua?
- Pode ser desse jeito?
- Tudo bem pintar aqui e não acolá?
- Tem problema preencher com colagem aqui e não ali?
- Tem como ver se tem tesoura para gente?
Ou depois, aqueles desabafos entre uma correria de sala a sala:
- Ah queria ser tatuador.
- Mas você será!
Ou quando a gente vai para particular - tem colega que acha que traí a categoria, pois exonerei no Estado, mas gente já voltei à militância da escola pública de qualidade pela prefeitura. É que nas privadas, entre uma história e outra, uma cantoria e outra, as abraçadas, beijo, agradecidas, me dão muito a impressão de "pobres meninos ricos", pois a família até tem recurso para vários cursos que os estudantes da periferia não, mas não tem como comprar isso: que a família queira acompanhar esses pequenos grandes passos da criançada.
Semana passada revi uma coordenadora nossa, idelista feito eu e achei tão lindo ela contar que quando o filho começou a dizer não, não, ela sorriu e ele:
- Do que está rindo?
- Você está crescendo!
Que acolhedor isso, ver com olhos encantados até a adolescência, que a torcida do Flamengo vive correndo longe.
Por falar neles, estou emocionada que esta semana meus adolescentes mais "pimentinha" fizeram a atividade proposta sem que eu tivesse que dar aula sob uma chuva de giz como na aula retrasada.
E que encanto eu ter acabado de solicitar uma releitura de Vik Muniz e o estudante adulto me mandar no dia seguinte uma foto da bandeira com pó de café, milharina...
Por falar nisso, alguém sabe o que é milharina?
O mágico de ensinar adulto é aprender com eles.
Não que com criança isso não role, mas entre os menores abro mais o "reencanto a torto e a direito" e acho uma graça quando sacam um descompasso entre o escritor e o ilustrador, por exemplo, sobem na nossa perna ou recontam a história à sua maneira. Parece que as moedas de troca são muito outras.
Agora, cá entre nós, dizer que remamos contra maré é dourar a pílula pra caramba. A gente faz um movimentozinho renovador de nada aqui e a burrocraciolândia põe uma cancela gigante na direção em que íamos, recalculamos a rota sentido o que o estudante demonstra querer, mas esperam que nos viremos nos trinta com recursos jurássicos, sinalizam que será possível aproveitar uma folgazinha, levantamos como, mas ah, vamos conseguir por amor... Olha... Como mudava o rumo estrategicamente minha tia "vamos falar de sapatinho"?
Que essa semana tem mais contação e quero descobrir com o que os pequenos lá do outro lado da cidade farão brilhar meus olhinhos.

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